Imagem de Santo Antonio Aparecido, do século XVIII, ganha restauração e é apresentada na catedral de Campo Maior




O objeto de maior devoção da fé católica dos campomaiorenses, a imagem tricentenária do padroeiro, Santo Antonio Aparecido, passou por uma restauração. O trabalho foi realizado pelo restaurador, padre José Nilto Pereira, frei capuchinho da Província de São Francisco das Chagas do Ceará e Piauí. A imagem restaurada foi apresentada durante cerimônia de lançamento dos festejos de Santo Antonio, nesta quinta-feira, 04 de maio, na catedral diocesana de Campo Maior.

Durante um mês, a escultura histórica e preciosa de 3 kg e aproximadamente 45 cm esteve no atelier do frei José Nilto, em Fortaleza-CE, onde passou pelo processo de restauração. Na ausência quase completa de fontes sobre a exata origem da imagem, as poucas informações à respeito dizem se tratar de uma peça de estilo neoclássico, do século XVIII, confeccionada em cedro, trazida de Portugal durante a colonização.

Para explicar como a imagem chegou em Campo Maior, há um desencontro de informações. Relatos afirmam que ela foi deixada por frades que se deslocavam do Maranhão para o Ceará, realizando missões pelo interior do Piauí. A hipótese mais aceita, no entanto, assegura que a imagem foi trazida por devotos portugueses, provavelmente, quando da fundação da cidade, em 1762.

A falta de informações oficiais sobre a história da escultura terminou por influenciar o imaginário popular com uma lenda. Para muitos devotos, a imagem apareceu misteriosamente sobre um tronco de carnaúba, no local onde hoje está a catedral. Segundo a lenda, a imagem era levada para a casa de um vaqueiro e voltava, de forma sobrenatural, para o local do aparecimento. O ‘fato’ teria se repetido por três vezes. Diante disso, em Campo Maior, Santo Antonio é chamado de ‘Aparecido’.

Se faltam informações sobre a origem da imagem, sobram significados. A escultura representa o português, Fernando de Bulhões (Santo Antonio), canonizado pelo papa Gregório IX, em 30 de maio 1232, menos de um ano após a sua morte no dia 13 de junho de 1231. A imagem de Campo Maior traz o santo segurando uma cruz na mão direita, ao invés do lírio das imagens tradicionais, e o menino Jesus sentado sobre as sagradas escrituras na mão esquerda.

“Acolhi com muita alegria e devoção a imagem de Santo Antonio. Sou um devoto deste santo que me socorre nos momentos de aflição. Vejo como a confirmação de um milagre ele ter chegado até minhas mãos para esse trabalho de restauração. A imagem chegou até mim muito desgastada, completamente descaracterizada do que já foi, mas aí consegui entregar um resultado que se aproxima daquilo que os campomaiorenses conhecem, próximo do original”, destacou o frei José Nilto.

Ele explicou como foram feitos os procedimentos utilizados no processo de restauração da imagem: “Primeiro, foi feita a remoção de alguns pinturas realizadas anteriormente, em seguida, o procedimento de emassamento, onde foi revestida toda a superfície para destacar os detalhes. Finalizei com uma nova pintura e aplicação de folha de ouro sobre a peça, ou seja, o procedimento tradicional, realizado pela grande maioria dos artesãos”, disse.

Referência em arte-sacra, o frei José Nilto possui experiência de mais de 40 anos no ramo. No Piauí, ele realizou trabalhos de restauro da imagem de Nossa Senhora do Amparo, de Teresina. Também já trabalhou com imagens de padroeiros de algumas dioceses vizinhas do Maranhão e do seu estado, o Ceará, como Fortaleza, Itapipoca e Crato. Recebeu forte influência do mestre Eduardo Cavalcante, em Bom Conselho-PE, um dos santeiros mais conhecidos do Nordeste brasileiro.

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