O Jogo do Tigrinho tem se mostrado bastante popular e inclusive perverso entre a população que não consegue controlar a compulsão por apostas. Um vício capaz de levar famílias a perder todos os bens e levar a dívidas com agiotas. O problema cresceu de uma forma tão inesperada, a ponto de ter uma fila de espera para tratamento na ala de psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Eu não jogo mais pelo dinheiro, é pela emoção, prazer de estar ali jogando, apostando — conta Jéssica Amaral. Desde o ano de 2023, ela gastou mais de R$ 170 mil no Jogo do Tigrinho. No início, ela se iludiu quando ganhou algumas vezes.
Pouco tempo após, Jéssica deixou de pagar contas pessoais e começou a vender objetos de valor de sua casa para poder conseguir apostar. Ela revelou que chegou a vender até os brinquedos do próprio filho para poder alimentar o vício.
O “transtorno do jogo” é considerado uma patologia. No Brasil, 2 milhões de pessoas sofrem com este mesmo problema, que inicia com a ideia de conseguir dinheiro fácil – um esquema que conta com a ajuda de influenciadores digitais, com milhões de seguidores, ostentando bens, supostamente adquiridos com os ganhos do Jogo do Tigre.
O psiquiatra e pesquisador da Universidade de São Paulo Rodrigo Machado explica por que as pessoas se arriscam. “O jogo de azar, se expôr ao risco de ganhar ou não, ele é muito sedutor ao cérebro, recruta muito de um sistema cerebral chamado sistema de recompensa cerebral. E tudo que dá prazer, ele vai ficar cada vez mais ávido para obter a próxima leva de prazer, de tanto que a gente foi estimulando”, afirma.
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Os efeitos do vício em jogos digitais, como o Jogo do Tigrinho, no cérebro são comparados com os mesmos efeitos colaterais causados pela dependência química em drogas. Só que nesses jogos onlines, o acesso é muito mais fácil e rápido, devido eles estarem na palma da mão, a qualquer momento.
O tratamento para poder se livrar desse vício é multidisciplinar, e uma das alternativas é substituí-lo por outro estímulo que seja prazeroso para o cérebro, como o exercício físico, explica o psiquiatra.
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