Como ler este livro e não pensar na formação cidadã, na importância que ele traz para refletir sobre como União chegou a ser o que é e assim vós? Somos um povo que valorizamos muito pouco o que é nosso. Não fomos desde cedo ensinados e nem instigados a focar na realidade que nos cerca. São poucos, pouquíssimos os cidadãos interessados na leitura, cultura e escrita da história local. Nesse sentido, as NARRATIVAS aqui chegam a ser um ato de rebeldia contra toda falta de perspectiva e sentido.
A cidade é o que somos. E, certamente os autores e os unionenses têm muito a dizer sobre a história do município, pois observei que algumas NARRATIVAS desta obra descrevem o quanto do passado é atual. Suas memórias são fortemente colocadas em prova, diante da retrospectiva feita por Danilo Reis e José Santana.
Como são profundas e antigas as raízes de União! A urbe provém de uma fazenda lendária chamada Estanhado. Pouco se sabe sobre ela. Contudo, a persistência de Danilo Reis e José Santana para escrever a história que envolve a mítica propriedade rural fizera-os mergulhar fundo em leituras e documentos tornando-a significativa perante a historiografia.
Os autores, amantes da pesquisa histórica mostraram-se bastante maduros e seguros em suas afirmativas. Conheci Danilo Reis pelas redes sociais. E através dele, José Santana. Assim como eu, fundadores da AHMOCAMPI, importante instituição fomentadora cultural do norte do Piauí.
As NARRATIVAS desta obra me tocam pessoalmente quando falam de União do tempo em que era distrito da vila de Campo Maior. O quanto essa povoação era importante para os negócios da Terra dos Carnaubais. Seu porto transformou-se no mais lucrativo entreposto comercial da antiga freguesia do Surubim; sem dúvida, uma das rotas do período colonial mais movimentada entre as vilas de Campo Maior-PI e Caxias-MA. E foi assim, até a emancipação do distrito de União em 1853.
A ligação histórica entre União e Campo Maior vai além deste detalhe. Os episódios da Batalha do Jenipapo e Balaiada têm nas duas povoações o palco condutor de desfechos. E não são apenas estes eventos, como também personagens e famílias que legaram traços civilizatórios para as duas cidades: Fernando Lobão Veras (1º do nome); Antônio da Silva Coutinho; Joaquim Bostoque…
O livro não é o único abordar a história de União. Mas com certeza é o mais completo. Da origem à atualidade. A obra sistematiza, seleciona e coordena uma massa impressionante de informações. Por esse motivo, tonar-se uma fonte indispensável para os estudos unionenses. Seu caráter extensivo começa pelo título. Algo raro de se ver hoje em muitas obras.
O que poderia dizer deste livro, senão oportuno, necessário, que aproxima o unionense de suas raízes e sombras. Um retrato do passado restaurado com pinceladas de um olhar moderno disposto a interpretar União em suas diferentes fases.
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