O pai e uma das irmãs da mulher que matou uma onça-parda no interior do Piauí também foram multados, em R$ 20 mil cada um, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A coluna apurou que os dois familiares acompanharam Eula Pereira da Silva, de 32 anos, durante a caça ao felino ameaçado de extinção.
O órgão ambiental tinha prometido, ainda na semana passada, que todos os envolvidos seriam responsabilizados, inclusive quem fez os registros. Até então, não se sabia os nomes das pessoas que participaram da caçada.
A irmã de Eula, identificada como Heliude Pereira da Silva, de 27 anos, foi quem fez as filmagens. Já o pai, Manoel Pereira da Silva, de 73 anos, é o homem que aparece no vídeo desferindo pauladas na onça e nos cachorros que usaram para caçar o felino. Ao todo, a família foi multada em R$ 60 mil.
O Ibama entende que todos eles praticaram os seguintes crimes ambientais:
- Ato de abuso, ferindo uma onça-parda (Puma concolor) em atividade de caça irregular (R$ 3 mil)
- Caçar uma onça-parda (Puma concolor), sem autorização do órgão ambiental competente (R$ 5 mil)
- Praticar ato de maus-tratos a quatro cachorros utilizados na atividade de caça de onça (R$ 12 mil)
A coluna apurou que o rifle usado para atirar no animal foi apreendido e os quatro cachorros – usados para a caça do felino – também foram apreendidos e levados para adoção.
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O que diz a família sobre morte de onça
Procurada, Heliude admitiu à coluna que foi a responsável por fazer a filmagem e que mora com o pai, de 73 anos, em Alto Longá. Ela informou que não irá se pronunciar e que os advogados da família estão cuidando do caso. “Mais para frente vocês saberão toda a verdade”, afirmou, sem dar detalhes.
Ela disse que prefere se resguardar devido à repercussão que o caso teve na cidade em que mora. “Claro que, pelo olhar da sociedade, claro que foi errado, mas a gente não pode sair julgando, sem saber porque isso realmente aconteceu. E muita gente fica especulando”, concluiu.
A coluna tentou contato com Eula, mas não houve retorno. O espaço segue aberto.
A morte da onça no interior no Piauí levantou um debate nas redes sociais sobre a fragilidade da legislação ambiental. Ibama e Ministério do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas tiveram que agir rápido ao explicar os valores das multas e aplicação das penas não são definidas pelos respectivos órgãos, mas sim definidas em lei.
O Ibama lembrou ainda que quem mata um animal silvestre, como a onça, não responde à mesma penalidade de quem mata um animal doméstico. Ou seja, o crime de quem mata um animal silvestre, segundo a legislação, é de menor potencial.
A ministra Marina Silva publicou um vídeo em que o agente ambiental do Ibama Bruno Campos explica os crimes cometidos e as penas cabíveis aos responsáveis. “Reforço que o valor das multas e as penas previstas nos crimes cometidos são definidos por lei e não pelo órgão ambiental”, enfatizou Marina Silva.
Por fim, a ministra diz que “serão responsabilizados todos que participaram desse terrível crime, cujas imagens chocam”. “Que a comoção causada por esse caso possa impedir que mais animais – silvestres ou domésticos – sofram como essa onça-parda e os cachorros envolvidos sofreram”, completou Marina Silva.
Fonte: Metrópoles
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