Um relatório divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA) acende um alerta preocupante para o estado do Piauí. Entre os meses de junho e julho, a área atingida pela seca aumentou consideravelmente, alcançando 66% do território estadual, segundo o monitor de secas da agência. Este é um reflexo direto da crise climática, que vem impactando severamente as regiões norte e nordeste do Brasil.
O governador Rafael Fonteles afirmou que a seca atual já é considerada uma das mais severas da história recente do estado, o que preocupa tanto as autoridades quanto a população. Segundo o Ministério da Integração, 115 cidades piauienses estão em situação de emergência, sendo 107 por conta da seca e oito devido à estiagem prolongada.
Impactos da seca
O relatório da ANA aponta que o Piauí registrou a maior área com seca desde janeiro deste ano, quando 73% do território estadual foi afetado pela falta de chuvas. No último mês, a seca moderada, considerada mais grave, aumentou de 14% para 16% da área do estado, caracterizando um agravamento no cenário.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, a seca avançou de maneira mais rápida e severa. “Estamos vivendo uma situação sem precedentes em diversas regiões do estado. A escassez de água afeta tanto o abastecimento urbano quanto a produção agrícola, que já sente os efeitos das perdas nas safras”, disse o secretário de Agricultura, João Moura.
Situação no Nordeste
O cenário de seca no Piauí reflete uma tendência mais ampla que afeta outros estados do Nordeste. Entre junho e julho, houve estabilidade no avanço da seca em cinco estados: Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e o próprio Piauí. No entanto, a área total afetada pela seca na região passou de 30% para 33%, com destaque para a intensificação do fenômeno na Bahia, Maranhão e Pernambuco.
Por outro lado, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe, que estavam livres da seca, voltaram a registrar o fenômeno em julho, demonstrando a gravidade da crise hídrica no Nordeste.
Cenário nacional
A seca também se intensificou em outras partes do Brasil. Estados como Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná e Amazonas registraram um aumento nas áreas afetadas. Roraima foi a única unidade da federação a apresentar uma redução no fenômeno entre junho e julho. Já Rio Grande do Sul e Santa Catarina permaneceram livres da seca, conforme o monitor de secas da ANA.
Ao todo, nove estados registraram 100% de seus territórios sob o impacto da estiagem, com destaque para Mato Grosso, Minas Gerais e Goiás. Em estados como Acre, Espírito Santo e Tocantins, o percentual de área com seca também foi elevado.
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Medidas emergenciais
Diante do agravamento da situação, o governo estadual e federal têm mobilizado esforços para enfrentar a crise. Medidas emergenciais incluem o envio de carros-pipa para as áreas mais afetadas, além de subsídios para produtores rurais que sofrem com a perda de colheitas e a dificuldade em manter a produção.
“A situação é crítica e precisamos agir com rapidez para minimizar os impactos nas comunidades mais vulneráveis”, afirmou o governador Rafael Fonteles. Ele também destacou que o estado está pleiteando recursos junto ao governo federal para ampliar o fornecimento de água potável nas regiões mais afetadas e investir em obras de infraestrutura hídrica.
Além das ações imediatas, especialistas defendem que o governo precisa adotar uma estratégia a longo prazo para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, que tendem a tornar as secas mais frequentes e severas.
A construção de barragens, sistemas de irrigação eficientes e a conscientização sobre o uso sustentável dos recursos hídricos são fundamentais para evitar que crises como essa se repitam com tamanha gravidade — destacou o climatologista Marcos Pereira.
Previsão para os próximos meses
As previsões meteorológicas indicam que a situação no Piauí pode se agravar ainda mais nos próximos meses. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência é de que as chuvas permaneçam abaixo da média, o que deve prolongar os efeitos da seca até o final do ano. “Precisamos estar preparados para um cenário ainda mais desafiador”, alertou Pereira.
O avanço da seca no Piauí e no Brasil é um sinal claro de que os impactos das mudanças climáticas estão cada vez mais presentes, exigindo ações coordenadas e investimentos em infraestrutura para garantir a segurança hídrica das populações mais afetadas.
Fonte: Revista AZ
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