Um estudo elaborado por cientistas da Nasa aponta que o Brasil pode se tornar inabitável em 2070, segundo modelos climáticos feitos com o auxílio de satélites. Conforme o texto, na lista de regiões vulneráveis também estão o sudeste asiático, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho. O trabalho foi conduzido pelo cientista Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da agência, que criou projeções de temperaturas para analisar os extremos climáticos.
Os pesquisadores afirmam que as ondas de calor, cada vez mais comuns, quase dobraram nos últimos 40 anos. O cenário preocupa cientistas de todo o mundo. O estresse térmico é uma das principais causas de mortes relacionadas ao clima nos Estados Unidos a cada ano, por exemplo. Para tentar calcular os impactos das altas temperaturas, os envolvidos no estudo passaram a calcular a temperatura de bulbo úmido.
Temperatura de bulbo úmido
Essa medida é a temperatura mais baixa à qual um objeto pode esfriar quando a umidade evapora dele. Ou seja, quanto mais baixa for a temperatura do bulbo, mais fácil será o resfriamento. E é com essa medida que os pesquisadores conseguem medir o quanto nossos corpos esfriam através da transpiração quando está quente e úmido, e se as temperaturas altas podem prejudicar esse processo e se tornarem prejudiciais a nossa saúde.
Segundo Raymond, a temperatura de bulbo úmido mais alta que humanos podem sobreviver é 35 °C por pelo menos seis horas.
O problema já existe
As temperaturas cada vez mais altas já são uma realidade em todo o planeta. Desde 2005, índices maiores do que 35 °C já foram registrados em nove ocasiões distintas, em locais como o Paquistão e o Golfo Pérsico.
Pense em quando você sai de um banho quente. A água evapora do seu corpo e você se sente mais fresco. Mas se estiver quente ou úmido (ou ambos) no ambiente, será mais difícil sentir frio. Essa sensação está diretamente relacionada ao que a temperatura do bulbo úmido está medindo — explica o estudo.
Impactos
Uma vez que as temperaturas chegam próximas à marca máxima, o ser humano perde a capacidade de se resfriar e, com isso, várias mudanças no corpo acontecem. Os órgãos ficam estressados, especialmente o coração. O sangue corre para a pele para tentar liberar calor, prejudicando a circulação nos outros órgãos.
Uma vez que a temperatura do bulbo úmido excede 35 °C, nenhuma quantidade de suor ou outro comportamento adaptativo é suficiente para reduzir seu corpo a uma temperatura operacional segura — disse Raymond. O fenômeno afeta principalmente idosos, pessoas que trabalham ao ar livre e indivíduos com comorbidades.
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Locais críticos
Raymond diz que é difícil dizer quando poderemos ver temperaturas globais de bulbo úmido ultrapassando o limite por ser um processo complexo e gradual. Porém, modelos climáticos já existentes já podem delimitar quais as regiões que devem exceder essas temperaturas nos próximos 30 a 50 anos. São elas:
Por volta de 2050 (30 anos);
Sul da Ásia;
Golfo Pérsico; e
Mar Vermelho.
Por volta de 2070 (50 anos);
Leste da China;
Partes do Sudeste Asiático; e
Brasil.
Fonte: R7 Notícias
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