O consumidor brasileiro já pode se preparar para mais aumentos na conta de energia. Documentos oficiais do governo e do próprio setor elétrico preveem reajuste superior a 20% em 2022 nas contas de energia, uma alta ainda maior que a inflação acumulada para os últimos 12 meses (10,5%). A informação foi obtida pelo Estadão, que teve acesso a documentos internos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o tema.
O jornal teve acesso a um documento interno da agência emitido na última sexta-feira (5), no qual o órgão faz uma projeção sobre o impacto financeiro que a atual crise hídrica terá sobre a conta de luz em todo o país, devido às medidas que foram adotadas para garantir o abastecimento. A conclusão não é nada animadora para o consumidor: “Nossas estimativas apontam para um cenário de impacto tarifário médio em 2022 da ordem de 21,04%, quando avaliado todo o universo de custos das distribuidoras e incluídos esses impactos das medidas para enfrentamento da crise hídrica”, diz o documento da Aneel obtido pelo Estadão.
Reajuste para 2022 supera índices de aumentos de 2020 e 2021
O volume previsto para 2022 supera os reajustes já realizados neste ano. Em outubro, por exemplo, a diretoria da Aneel autorizou o aumento da conta de luz em até 16% para quase 8 milhões de consumidores do Distrito Federal, Goiás e São Paulo. Segundo dados do Estadão, o reajuste médio das tarifas residenciais acumulado neste ano foi de 7,04%, conforme dados da própria agência. Em 2020, o aumento médio foi de 3,25%.
Nos últimos meses, cada consumidor de energia tem bancado, mensalmente, o custo pesado das chamadas “bandeiras tarifárias”, uma taxa extra que é incluída na conta de luz para pagar o acionamento das usinas térmicas, mais caras que as hidrelétricas. O fato tem ocorrido por causa da falta de chuvas e do esvaziamento dos principais reservatórios do País, que fazem as agências comprarem energia de usinas térmicas, ou importar energia, que teve aumento por conta de contratos firmados para importação com Argentina e Uruguai, como relatou o jornal.
Outra fatura estimada em mais R$ 9 bilhões que será paga pelo consumidor tem origem nas contratações “simplificadas” de energia feitas pelo governo no mês passado, segundo o Estadão. Trata-se de uma “energia de reserva” que será entregue a partir de maio do ano que vem, para dar mais segurança e evitar o risco de racionamento de energia.
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Uma das principais razões de se fazer essa cobrança mensal do consumidor é evitar que essas contas fossem pagas depois, nos reajustes anuais, como acontecia antes. Mas nem mesmo as bandeiras tarifárias têm conseguido cobrir o rombo atual. De acordo com o Estadão, as informações apontam para um rombo de RS 13 bilhões, mesmo com o índice mais alto de cobrança da taxa extra.
O aumento da energia elétrica, ao lado da alta dos combustíveis e do gás de cozinha, são os fatores principais para a grande alta da inflação brasileira, e que fazem o país ter a terceira maior inflação do mundo entre os países do G20. Seus impactos são sentidos em todos os setores da economia, e na renda de famílias e empresas.
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