Embora a Lei Seca tenha contribuído para avanços importantes na prevenção de acidentes de trânsito no país, alguns Estados ainda apresentam números preocupantes relacionados à condução de veículos após o consumo de bebidas alcoólicas. Esse é o caso do Piauí, que possui a terceira maior taxa de óbitos por acidentes de trânsito atribuíveis ao álcool no Brasil: são 9,6 mortes em decorrência dessa causa por 100 mil habitantes, um pouco menos que o dobro do índice nacional (=5).
Os dados fazem parte da análise do CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, referência nacional no tema, com base nos números do Datasus. Em 2020, os acidentes de trânsito foram a principal causa de mortes atribuíveis ao álcool no Piauí, representando 25,7% desses óbitos no Estado. As maiores vítimas são homens (90,8%) e a faixa etária mais impactada é dos 18 a 34 anos (41,1%), seguida por 35 a 54 anos (33,5%).
Na contramão do cenário nacional, que registrou uma redução de 4,8% no número de mortes por acidentes de trânsito relacionados ao uso de álcool entre 2019 e 2020, Piauí teve um aumento de 5%.
Outro dado que chama a atenção no Estado e pode estar por trás desses números preocupantes é o alto índice de relato de condução de veículo após o consumo de álcool em Teresina. Segundo o Vigitel*, a frequência de adultos que disseram dirigir após a ingestão de bebida alcoólica foi de 10,8% (a segunda maior frequência no Brasil), sendo essa proporção maior em homens (19,1%) do que em mulheres (4%) – percentuais também maiores que as médias nacionais (5,3%, 9,7% e 1,6%, respectivamente).
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Num país de tamanho continental e de contextos culturais diversos, como é o Brasil, precisamos olhar de forma cuidadosa os dados locais para propor medidas e estratégias regionais eficazes para a redução do ‘beber e dirigir’. É fundamental que as fiscalizações sejam constantes e que o cumprimento das sanções ocorra de forma rápida e severa, além de promoção de campanhas de educação, sobretudo aos mais jovens – destaca Arthur Guerra, psiquiatra e presidente executivo do CISA.
Guerra também reforça que a destreza e outras habilidades necessárias para a direção, como o tempo de reação e os reflexos, são prejudicadas muito antes dos sinais físicos da embriaguez começarem a aparecer. Isso porque, já nos primeiros goles, as inibições e a capacidade de julgamento são rapidamente afetadas, aumentando a probabilidade de tomadas de decisão equivocadas e de comportamentos de alto risco, como excesso de velocidade e falta do uso de cinto de segurança.
Fonte: Portal R10
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